sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Um AMOR NAÏF ; Márcia ; Um Sorriso ; Um Xodó

♥(+) 18/10/2009 21:30hs

MARCIA TORANZO BASTOS ARDUINI

- www.flickr.com/photos/marciatoranzo -

Mulher que foi e é motivo do meu AMOR de forma ABISSAL e INCONDICIONAL, de entrega e fidelidade total desde o 1o. dia em que nos encontramos há quase... 30 anos atrás.

Mesmo que muitos não acreditassem ou aceitassem..., até hoje, porque não conhecem, não viveram e tampouco saberão o que é o AMOR na sua plenitude. É óbvio que ocorreram desencontros durante o nosso relacionamento e inclusive um curto distanciamento, mas que somente serviu para fortalecer o que desde o início havia de muito forte entre nós.

Foi passear por outras pradarias no domingo, 18/10/2009 as 21:30hs depois de sofrer por um longo tempo de uma enfermidade incurável, sendo assistida pelo Dr Milton Rabinowitz, que não poupou esforços com todo o profissionalismo, carinho e atenção.
Ela pediu através de Escritura Pública, e quero crer que a tenham atendido, que suas cinzas fossem espalhadas no mar do Leme, um dos locais mais belos do Rio de Janeiro.

Além da ajuda inestimável do amigão Victor Finkelstein - Viko da PalmForum através de seu amigo Dr. Capel do Hospital Oswaldo Cruz de São Paulo.

No LINK acima que será atualizado em breve, encontram-se alguns dos seus quadros, e que refletem apenas um período e parte do seu trabalho. Não temos os arquivos da totalidade da sua obra por viver todos os dias simplesmente, sem a preocupação do registro e sim com a alegria dos momentos.

Filha do Marechal Joaquim Justino Alves Bastos, natural de Mato Grosso e comandante de diversas unidades do Sul ao Norte do Brasil sendo um dos poucos Marechais da ATIVA de então e autor do livro Encontro com o Tempo, e Nélida Toranzo Bastos, natural da Argentina, residentes a época no bairro do LEME - Rio de Janeiro ( ambos falecidos ), e ficam duas filhas, neto e neta de seu 1o. casamento.

Pintora Naïf

Nascida no Rio de Janeiro, mas morou em Porto Alegre, Curitiba e Recife e por último no Condomínio Morada do Sol ( www.flickr.com/photos/moradasol ) no Bairro de Botafogo - RJ.
Graduada pela PUC/Rio de Janeiro em LETRAS.

Em 1970 trocou a carreira de professora pela Pintura, ao entrar em contato com os pincéis, as tintas e os desenhos no atelier de Do Carmo Ferreira.
A opção pela pintura " NAÏF " foi imediata graças ao amor pela natureza, por seu interesse nas questões sociais e principalmente pela vontade que sentia de traduzir a realidade de seu país.

Participou de diversas coletivas e individuais no Rio de Janeiro, São Paulo e Paris, locais onde foi premiada obtendo reconhecimento pelos seus trabalhos.

Mulher íntegra, dotada de uma grande sensibilidade, extremamente carinhosa e afetuosa para com todos sem distinção de raça , credo , nível social ou intelectual.
Sempre na busca incansável do entendimento e conhecimento das razões que afligem o ser humano. Era capaz de ler ao mesmo tempo mais de tres livros além de pintar, ver programas especiais da TV a cabo além de Teatro e Cinema. A sua inteligência foi algo que sempre me fascinou.

O ato de nos separarem foi e continua sendo extremamente doloroso e sofrido, e até entendo os motivos que levaram a este ato insensato, porém são doentes e procuram chifre em cabeça de burro, depois de tanto procurarem quem sabe encontrem. A única forma que tinham para atingir a mim era nos separando.

A noite quando ficávamos a sós, o olhar de sofrimento da minha amada era insuportável e a dor por qual ela passava era cristalina porque ficava dividida entre o mar e o rochedo. E conseguiram, porque eu não iria me perdoar se as brigas e discussões que já eram constantes, fossem contribuir para a tristeza da mulher que eu mais amo.

Não permitiram que eu estivesse ao lado dela na hora em que descansou, e conforme me foi dito, ela chamou por mim diversas vezes. E eu estava a poucos passos ( uma quadra ) do hospital. E isto dói muito, muito, muito.

Todos sabiam, que se nos separássemos algo poderia ocorrer... e algumas semanas depois...

A menina que existia dentro da Márcia era algo maravilhoso, somente quem convivia mais proximamente é que percebia.
Em muitas áreas do entendimento e da compreensão da vida ela era INGÊNUA, tal qual a ARTE que ela praticava, e este além do sorriso e de outros tantos atributos me deixavam embevecido e totalmente aparvalhado com seus jeitos e trejeitos.
Em nenhum dos seus atos havia a maldade ou segunda intenção, fazia por fazer. Jamais via no outro a malícia ou interesse escuso.

Fui um dos poucos que teve a chance de viver um AMOR PLENO e parte disto é que nos mantinha juntos e que ainda me mantém, porque convivi e convivo com tantos que nunca tiveram, não tem e nunca terão algo parecido em suas vidas. Acho que fui um homem de sorte.

No escuro e silêncio da noite ela me pedia desculpas sobre os enganos que havia cometido durante a nossa relação e ficávamos aos prantos lembrando de quanto tempo perdido,e eu pedia para ela esquecer porque na verdade eu era o maior culpado pelas intransigências e comportamento. E se alguém teria que pedir desculpas era eu. E ficávamos horas conversando porque ela tinha medo da noite. E quando adormecia o seu ronronar me levava até Morpheu, onte tentava encontrá-la, mas continuava em seus braços ou ela nos meus, mesmo nas noites mais quentes

Como os médicos deram uma esperança de seis meses, abri mão do meu trabalho, o que hoje vejo que foi um erro, deveria ter me dividido um pouco mais para manter as ligações profissionais e ativo nas atualizações que são constantes.

Tentei ao menos retribuir uma parte infinitesimal de tudo o que ela, me proporcionou de alegria e divertimento.


Em Março de 2008 fomos buscar o BUCK, conhecido como o cachorrinho do portal da IG que é da raça West Highland White Terrier , pequeno e extremamente carinhoso.

http://www.flickr.com/photos/marciatoranzo/4104140683/

Ficava invariavelmente sobre os pés dela, ou debaixo da cadeira em que ela se encontrava, eventualmente nos meus. Dormia toda a noite embaixo da cama e no local em que ficava a cabeceira da cama em que ela dormia, desde o 1o. dia que chegou em casa. Era uma farra ver o esforço que ele fazia para conseguir entrar embaixo da cama. Ele se esparramava tal qual uma massa de pizza e lá ia ele..., para sair era outro parto.

Quando ela tinha uma recaída ele respondia da mesma forma.
Era louco por ela.

Dava um trabalhão: cuidar, alimentar, vacinas, alergias, pomadas, cremes, banhos, tosas, remédios. Levar todo dia de manhã e a noitinha para passear no Play e fazer as suas necessidades.

Por vezes, quando ela podia, aos sábados ou domingos íamos passear na URCA ou no Forte que fica no final da URCA, com ele dentro do táxi e era alegria na certa. Porque ele queria porque queria atacar os dois leões de pedra que tem em frente a a CPRM e outros dois que existem dentro do Forte da Urca. Ficava ensadecido.

Ele adorava ficar na janela do carro com a metade do corpo para fora e invariavelmente alguém emparelhava o carro e o elogiava, ela ficava toda prosa, e ele fazia uma festa.
Obrigado Buck

Por vezes ia até o Restaurante Dois em Cena no Shopping Rio Sul para buscar um sanduíche de pão ciabata com filé e salada verde, ou um frango grelhado com molho de damasco que ela adorava, ou então um Escondidinho de Carne Seca. Aproveitava para ir até o Toscana, para trazer Muffins que ela beslicava prazeirosamente, além do queijo curado de Cachoeiras de Macacu que somente é encontrado lá e no Hortufruti de Botafogo.



Aos sábados ia no VAPT VUPT até o Rei do Caranguejo na Xavier da Silveira, 98, em Copacabana para buscar EMPADAS, que são as melhores do Rio, e ela se divertia, eram momentos de luz e alegria.


Aos Domingos ia até o Rest Spaccanapoli do meu amigo GINO, - www.spaccanapoli.com.br - um local simples porem com uma cozinha correta, e com preços honestos. Local onde levei o amigo Andres Segal e família de São Paulo.
E de lá trazia correndo para casa:

CALAMARI IN CAZZUOLA - Lula refogada com tomate italiano, azeitonas pretas, pão crocante, pimenta calabresa ou dedo de moça.
Pizza Branca ( extremamente fina ) ou Bruscheta Caprese.
SPAGHETTI NERONI - Massa com camarôes, pimentões amarelo e vermelho temperados com alho, óleo, vinho branco e salsa fresca.
LINGUINE AL PESTO - Massa com molho especial a base de mangericão.
RISOTTO DELL ' ANGELO - Risoto com aspargos e camarão.
RISOTTO DELL'ORTO - Risoto com Aspargos frescos e alcachofras.
TAGLIATA DI FILETTO - Filet Migno fatiado ultra fino com alecrim, flambado com vinho branco e lascas de parmesão
Sobremesa de TIRAMISSÚ

E era uma festa, os guardanapos se sucediam para aguentar tantos respingos de molhos e algazarra. Blusas e Camisas..., esqueçam.
Os melhores momentos são quando o pecado da GULA é praticado, entre outros claro...
Seu sorriso neste instante era encantador e seu ar de satisfação e plenitude não tinham preço que pagasse.

Nunca deixei faltar nada a ela, nem tampouco ir sozinha a qualquer lugar. Parecia um chato e ela sorrindo sempre... vá entender...

Só que com este sorriso ela ganhou, eu ganhei, mais quase tres anos entre alegrias e choros pela certeza de que no dia seguinte ela poderia aqui não estar ou então pelo sorriso por qualquer bobagem ou ato que eu ou ela fizéssemos. Porque mesmo os menores atos passaram a ter uma importância extraordinária.

E hoje a distância vejo que deveríamos(EU) ter esta atitude todos os dias e em todos os seus momentos, mas somos seres humanos e vivemos o dia, a hora, o minuto, o segundo. E o tempo é inexorável, ele passa, vai e não volta.

Sinto a falta dela quando acordo, paro e choro.
Sinto a falta dela quando vou tomar banho, paro e choro.
Sinto a falta dela quando abro o guarda roupa, paro e choro.
Sinto a falta dela quando vou por o sapato, paro e choro.
Sinto a falta dela quando vou fazer café, paro e choro.
Sinto a falta dela quando vou pegar as chaves, paro e choro.
Sinto a falta dela quando vou abrir a porta, e choro.
Sinto a falta dela quando vou chego a rua, e choro.
Sinto a falta dela quando caminho pelas ruas de Copacabana, e choro.
Sinto a falta dela quando pego o ônibus ou metrô para a cidade, e choro.
Sinto a falta dela quando chego a cidade, e choro.
Sinto a falta dela quando vou almoçar e estou só, e choro.
Sinto a falta dela quando ligo o computador, paro e choro.
Sinto a falta dela quando recebo emails tentando me reconfortar, paro e choro.
Sinto a falta dela quando caminho pelas ruas do centro, e choro.
Sinto a falta dela quando tento voltar para casa, paro e choro. Esta é a hora que mais sinto a falta dela, porque tenho a certeza que ela não estará mais me esperando e eu não a encontrarei em lugar algum.
Sinto a falta dela quando caminho do metrô ou ônibus até em casa, e choro.
Sinto a falta dela quando abro a porta de casa e ela está vazia, sento no sofá e vou aos poucos tirando os sapatos e roupa..., ou não. Fico por ali mesmo, o controle da TV está ao meu lado e vou trocando de canais e por vezes a lembrança é mais forte e choro. Vou tentando me enganar em outros canais e me pego tal qual ela ***zapeando*** entre os canais, e choro.

Até Morpheu já não é mais o mesmo e nem sempre vem me buscar e tampouco eu o procuro e o dia amanhece, e o tempo e a dor não param.

A grande culpa que sinto é que ela me fez prometer diversas vezes que ficasse com ela até o final, porque ela tinha receio do que fizessem ou como a tratassem.

E EU NÃO CUMPRI !!!

Agora tenho:

Medo de enxergar, medo de não ver.
Medo de andar, medo de parar.
Medo de ler, medo de nao ler.
Medo de ganhar, medo de perder
Medo de sentir, medo de ficar insensível.
Medo de me perder.


Agradeço a vida e aos acasos a oportunidade de encontrá-la


** O valor das coisas não está no tempo que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. **
( Fernando Pessoa )

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Paulo G Müller